A mais nova edição do Panorama do Mercado de Produto no Brasil, levantamento realizado pela PM3, escola referência em cursos de negócios e produtos digitais, e neste ano desenvolvido em parceria com a Bain & Company, traz as respostas de mais de 2.100 participantes sobre as principais tendências e percepções da comunidade de produto do país.
O Panorama tem foco no mercado de produto e tecnologia, com a inclusão de respostas de Product Managers e Product Owners. Entretanto, procura trazer mais pluralidade a partir da participação de Business Analysts e lideranças de produto. Por exemplo, como CPOs e VPs, além de UX, agilistas e desenvolvedores.
O primeiro destaque revelado na pesquisa é a evolução salarial na área, que superou a inflação. Para Product Managers, de 2022 para 2023, o salário médio estimado aumentou aproximadamente 5.86%, enquanto a inflação acumulada pelo IPCA no mesmo período foi de 4,61%. Dessa forma, no intervalo de 2022 a 2023, houve uma valorização salarial de 8,1%.
Comparação por gêneros
Ao considerarmos o gênero, a disparidade salarial caiu aproximadamente 22,95% em comparação com o ano passado. A diferença alcançava 21% em 2022 e passou para 16,18% em 2023, revelando uma tendência positiva na busca por equidade salarial. Entre o universo de respondentes, outro diferencial: as mulheres cisgênero são maioria (50.72%), seguidas pela população de homens cisgênero (47,68%).
No entanto, homens cisgênero são mais frequentes em cargos elevados e posições de gestão, enquanto mulheres cisgênero marcam maior presença em níveis iniciais e intermediários. Outro ponto que se destaca é a ascensão dos homens cisgênero conforme se avança na escala de senioridade. Assim, mostrando que ainda existe a necessidade de políticas de incentivo para equidade de oportunidades para todos os gêneros.
Regime de Trabalho
Quando o levantamento consultou sobre o regime de trabalho, a maioria dos entrevistados afirma preferir um formato híbrido. Em 2022, o regime de trabalho predominante era o remoto, com 70,8%, porém, 2023 apresentou uma redução, caindo para 61.97%. Aliás, a tendência de volta para um formato híbrido se confirma com aumento dessa modalidade para 32,21% frente ao ano anterior, com 24,4% dos respondentes.
As respostas também diferem de acordo com a senioridade dos profissionais. Apenas 16.08% dos plenos preferem o modelo totalmente presencial e quase 40% (37.44% para ser exato) estão de olho em oportunidades totalmente remotas. Os gestores são mais abertos ao retorno ao escritório, com 26.94% prontos para o modelo 100% presencial, ao passo que quase metade (48.80%) do público sênior prefere modelos híbridos ou totalmente remotos, buscando mais flexibilidade.
Uma característica que chama a atenção nesse mercado é a correlação direta entre o nível de senioridade e anos de experiência na área. Mariana Zaparolli, Expert Associate Partner da Bain, ressalta essa particularidade: “A pesquisa reforça um aspecto bastante positivo da carreira de produto, que não apresenta estagnação de senioridade conforme os anos passam. A maior parte dos profissionais desse segmento realmente tem a percepção de que, quanto mais anos ele tem de experiência, mais cresce na carreira.”
Outro insight surge a partir dos pontos de insatisfação levantados na pesquisa. Marcell Almeida, CEO e cofundador da PM3, comenta: “No segmento, é comum ouvir afirmações como ‘Ah, se a gente tivesse mais maturidade em produtos aqui na empresa’ – e o estudo reforça essa dor. Essa lacuna mostra um importante desafio do setor, que requer uma ampliação substancial do compromisso organizacional em direção a uma gestão de produtos mais estruturada e orientada à excelência.”
Mais comparações
Além da falta de maturidade, os demais alvos para críticas são oportunidades de crescimento, liderança, salário que não acompanha o mercado e o clima do escritório. Por outro lado, mesmo entre aqueles que estão satisfeitos com o emprego atual, um percentual significativo (42.56%) se considera aberto a novas oportunidades, enquanto 39.61% dos profissionais satisfeitos não têm intenção de mudar de emprego nos próximos seis meses.
Já na hora de escolher uma nova colocação no mercado, o item que lidera a lista é a remuneração, com 797 menções. Contudo, o segundo ponto mais mencionado é flexibilidade de trabalho, com 642 menções, seguido de carreira e desenvolvimento (citado 492 vezes) e ambiente e clima da empresa, com 471 menções.
Então, ao pensar no futuro, os entrevistados elencaram as habilidades mais importantes para aprender nos próximos dois anos e a inteligência artificial ganha um destaque que não apresentava no ano anterior, aparecendo como a mais relevante para 25% dos pesquisados. Habilidades de Product Marketing e Machine Learning também tiveram crescimento, enquanto Liderança de Produto e Data Analytics perderam espaço. Entretanto, é possível que as menções a Data Analytics tenham migrado para Machine Learning e Inteligência Artificial, que são conhecimentos correlatos.
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