Inteligência artificial em um Brasil que ainda aprende a ser digital

Carmela Borst, CEO e cofundadora da SoulCode, aponta os desafios e potenciais da Inteligência artificial, em um Brasil que ainda aprende a ser digital

A inteligência artificial (IA) muitas vezes é associada a um futuro distante, mas, na prática, já está transformando o presente em diversos setores no mundo todo. No Brasil, essa transformação encontra um cenário desafiador: um país que ainda enfrenta dificuldades no letramento digital. Em meio a desigualdades estruturais e a uma infraestrutura tecnológica ainda desigual, a IA se apresenta como uma oportunidade valiosa não apenas para acelerar a inovação, mas também como instrumento de inclusão digital e social.

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Brasil no cenário Digital

De acordo com o Banco Mundial, o Brasil ocupa a última posição na América Latina em competências digitais, reflexo de fatores como acesso precário à educação de qualidade, disparidades socioeconômicas e limitações de conectividade em muitas regiões. O letramento digital, mais do que saber utilizar dispositivos e plataformas, envolve compreender criticamente o uso ético da tecnologia, algo fundamental para que a população esteja de fato integrada à economia digital global.

Nesse contexto, a IA pode ser uma grande aliada na educação. Ferramentas de ensino baseadas em inteligência artificial permitem experiências mais personalizadas. Dessa forma, adaptadas às necessidades de cada aluno, o que pode tornar o aprendizado mais acessível e eficaz. Iniciativas como a SoulCode Academy mostram que é possível democratizar o acesso à formação digital e incluir públicos que tradicionalmente são deixados à margem. Mais do que modernizar o ensino, a IA tem potencial para quebrar ciclos de exclusão e criar possibilidades de futuro.

E o impacto vai além da educação. Soluções baseadas em IA também podem apoiar políticas públicas, melhorar o acesso à saúde, facilitar a inclusão produtiva e ajudar na redução de desigualdades históricas. Quando bem direcionada, essa tecnologia pode atuar como um vetor de justiça social. Iniciativas de “tech for good” têm se consolidado como caminhos promissores para garantir que os benefícios da IA sejam amplamente distribuídos e não concentrados em uma minoria com acesso privilegiado à tecnologia.

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Diversidade e o potencial da IA

Para que a IA cumpra seu potencial transformador, é essencial que mais pessoas sejam incluídas no ecossistema digital, especialmente aquelas que historicamente são invisibilizadas. A construção de uma sociedade mais justa e inovadora depende da participação de pessoas não óbvias: negras, indígenas, periféricas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e tantas outras que ainda não têm espaço garantido nas rodas de decisão e criação tecnológica. A diversidade traz perspectivas únicas, enriquece as soluções e é um ativo estratégico no desenvolvimento de qualquer país.

Claro que toda tecnologia carrega consigo riscos. A aplicação desregulada ou enviesada da inteligência artificial pode acentuar desigualdades já existentes e criar novas formas de exclusão. Por isso, é urgente que políticas públicas, setor privado e sociedade civil trabalhem juntos na criação de diretrizes éticas e regulatórias que assegurem o uso responsável da IA — com transparência, privacidade e justiça.

O Brasil tem, diante de si, uma chance concreta de fazer da IA uma ferramenta para a transformação social. Investir em educação digital, fomentar uma cultura de inovação responsável e promover a inclusão em sua forma mais ampla são passos fundamentais para garantir um futuro digital realmente democrático. Em um país onde o letramento digital ainda é um desafio, a inteligência artificial, usada com ética e propósito, pode se tornar uma ponte para o desenvolvimento inclusivo que tantos brasileiros esperam.

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